Sobre meu EP "Turn me Off” em minhas próprias palavras!

Fiz essa reflexão a pedido da minha assessora de imprensa e foi uma experiência bem interessante, pra não dizer surpreendente. Leiam! E claro, ouçam o disco na sessão "Albums” aqui do site!

Secret Ocean é estruturada em cima de um riff de guitarra bem 80's com um beat praiano (ao meu modo) + vocais cantados em camadas que se complementam + elementos orgânicos embutidos em um mar de ruídos e sintetizadores analógicos (como um violão de aço, stomps, claps e até um piano). A ideia de seções bem distintas e com diferenças perceptíveis, é criar variação e interesse a cada ciclo, abusando da dicotomia entre elementos secos e outros com muita reverberação e distorção. A letra fala sobre encontrar um Oceano secreto no meio da rotina caótica, um esconderijo. O interlúdio é praticamente um pedido de resgate inspirado nos contos de Neil Gaiman, com o som de um violão de aço despretensioso e um piano assombrado, assim como o final acústico da faixa;

City of Sorrow começa como se fosse uma trilha sonora de abertura de um filme dos anos 80 dirigido por John Carpenter, com feedbacks de guitarra e um bumbo pulsando tipo 4 on the floor (Um beat de House). A estrofe tem cara de trilha sonora motivacional (ao meu modo) que leva até um pré-refrão lúdico sem letra e de dinâmica menor. O refrão é uma retomada do riff inicial anunciando a chegada nessa cidade - buraco negro. A letra fala da inquietação de viver em um lugar que não te deixa crescer e ter voz própria, cercado de pessoas tóxicas que só sabem criticar e procurar defeitos. O pós refrão com violinos, violas e cello recortados e sampleados de outras músicas minhas mais antigas é a perfeita representação da dualidade orgânica-robótica que permeia todo EP;

Turn me Off é a faixa mais otimista do disco, calcada em cima de um beat Hip-Hop cercado por riffs de guitarra e synths analógico e digitais (mais uma dicotomia). O interlúdio meio seqüencial mecânico lembra uma linha de produção meio ao estilo Kraut Rock, seguido por um refrão descaradamente otimista mas com letra nem tanto. A letra fala da tempestade de pensamentos que assombram uma rotina caótica e transformam uma vida em uma jornada de performance sem fim, um loop infinito que precisa ser desligado, por isso o pedido do refrão: Por favor, me desligue! O encerramento da faixa com o naipe de sopros alegre + solo de guitarra quase psicodélico, soterrado pelos outros elementos da música representa um quase-final feliz, bem a o estilo Stephen King.

Lourenço Schmidt